21%

E que venham os dias de clima frio, de muito amor.
De poucos presentes e de vários amigos.
Que chegue o dia de ficar velho, e de velho então ser.
De ótimas decisões e de poucos pesares.
Apesar de ver a vida de tão pouco que vivi, até então,
na experiência do cansaço que levo nos olhos,
pelo que penso, pelo que sinto e pelo que sou.
E também pelo coração sofrido e meio amargo,
como um chocolate, que se deve ser apreciado.
Ou um vinho envelhecido.
Nos olhos, o temor por uma juventude perdida.
Por imposições que se colocam, e em suas mentes se trancam.
Sem perdão, sem desculpas, sem remorsos.
A esperança pela mudança no coração de cada criança.
E de ver as crianças cada vez pensando que são mais maduras.
Em suas virtuosas atitudes de CRESCER,
e meninas que se sentem mais mulheres,
mulheres que querem se sentir mais meninas.
E uma velhice perdida, pois não julgo a juventude.
Cada um deve saber como é o peso que deve carregar,
e também as atitudes que deve ter conforme a idade que leva nos ombros.
Me sinto um adulto amargo quando falo dessas verdades.
Porém, vocês com sua juventude a flor da pele,
não tem o direito de pensar que entendem da vida.
Porque mesmo que pensem que sofrida é,
e sei quanto os vossos pais sofrem para mantê-los aquecidos,
bem alimentados, e satisfazendo todas as suas vontades.
E é difícil, difícil não olhar para o sofrimento de quem madrugou noites para não te ver chorar.
Para te pegar nos braços e te dar um pouco de atenção, que seja.
E de hoje, não ouvirem uma palavra de carinho ou agradecimento.
Apenas seus desejos consumistas, que crescem e se afloram.
Se olhem no espelho, juventude ambígua, que não olha para o próprio umbigo.
E entendam, que vocês ainda não viveram absolutamente nada.

“ 21% ” por Flávio Cardoso '.