Você é tudo pra mim.

Abri os olhos, a neblina e a escuridão.
Não consigo ver o que está à frente.
A angústia não me deixa ver o que eu quero ver de verdade.
As pessoas passando por mim, dando adeus, dizendo que vão sentir falta.
Queria poder dizer o que sinto. Mas, nem mesmo eu sei o que sinto agora.
Vejo as pessoas passando como se fossem vultos e sumindo rápido.
Meus dedos passam por entre elas, e elas passam por mim como se fossem lembranças.
O mesmo acontece com você. Mas, demorou pra perceber que era apenas uma lembrança.
Não, não é uma lembrança, você estava parada á minha frente, sentia como se segurasse a minha mão.
Lembrei de algo importante. Você era importante pra mim, mas eu nunca disse.
Em vida, nunca consegui me prender a nada.
E tudo foi se afastando de mim como se não fosse mais algo meu.
Assim como você.
Você foi única, e mudou a minha história e o meu modo de pensar.
Mesmo que por pouco tempo.
Não sei mais o que está acontecendo.
O que meus olhos não querem me mostrar?
Onde eu estou? O que está acontecendo comigo?
Estou me esquecendo de você, não deveria ser assim.
Eu grito pra tentar impedir, minha voz está muito fraca, você está se apagando na minha frente.
Os meus dedos tocam o seu rosto, e eu agonizo de dor.
A dor dentro do meu peito é tão grande que não tem como ficar em pé.
E mesmo assim eu continuo e ignoro a dor.
Queria não estar triste agora, mas não consigo.
Sinto como se meu corpo fosse ao chão e não pudesse fazer nada pra impedir.
Passo os dedos de novo pelo seu rosto, e você se apagando como milhares de estrelas.
A sua boca faz o movimento como se fosse dizer algo, e realmente você disse.
A dor continua e eu não consigo ouvir a sua voz.
Estou me sentindo longe de você. E dói tanto.
Você disse algo. Eu sei que disse.
Você some entre os meus dedos, eu caio de joelhos e tudo que sei é que não lembro mais de mim mesmo.
Eu era você? Nós éramos um?
Não sei.
Só sei que “Eu te amo como nunca amei ninguém”.
Uma lembrança permanece em mim.
Você dizendo “eu te amo” bem baixinho com um tom de quem chorava muito.
Enquanto você sumia entre os meus dedos.
Você soltou a minha mão e eu me sinto vazio, porque você não a segurou até o fim?
Tento gritar minha voz não sai.
O que fizeram comigo? Porque não consigo dizer nada?
E eu fiquei ali parado por horas, talvez dias, talvez anos. Não sei.
Agonizando de dor, o que era isso? Perguntei-me tantas vezes.
De repente, uma doce voz dizendo que “está tudo bem”.
E dentro de uma luz muito forte, que não ofusca a vista.
Não sinto mais dor.
Consigo ver agora, que eu não estou mais vivo.
Estou morto, e não sabia pra onde ir.
Em vida, nunca tive muita fé.
Mas, agora entendo, o que me prendia esse tempo todo era a lembrança de você.
“Eu te amo mãe”.

“ Você é tudo pra mim. ” de Ғlαviσ Cαяdσsσ '.